A propósito da comemoração dos 45 anos do 25 de abril, eis alguns trabalhos de carácter reflexivo realizados por alunos do 10º ano sobre um dos valores fundamentais e impulsionadores da revolução dos cravos: a liberdade.
Fonte:http://www.domboscopira.com.br/ |
Quando falamos
de liberdade, no nosso dia a dia, referimo-nos ao facto de se somos realmente
livres, tendo em conta que vivermos numa sociedade que habita sobre as várias
leis constituídas por um governo.
Já a nível filosófico, podemos debater sobre
esse assunto ou podemos aprofundar o tema “a liberdade de escolha’’, ou seja,
se, como seres humanos que se consideram como os únicos seres que possuem
mente, será que nós somos realmente capazes de fazer uma escolha (ou realizar
uma ação) ou será que as nossas ações já estavam predestinadas?
As várias respostas a esta pergunta dependem
muito da pessoa à qual esta questão seja colocada.
No meu ponto de vista, eu acredito que o ser
humano tanto tem liberdade, como não a tem; quando se fala a nível da ação
humana, pode-se dizer que eu defendo o ponto de vista dos compatibilistas.
Se a nível geral, se defendesse o
determinismo radical, não poderíamos julgar qualquer tipo de ação realizada
pelo ser humano, desde os eventos de mais pequeno impacto (por exemplo, atirar
um copo ao chão), até aos de maior impacto (por exemplo, um ataque de um
bombista suicida), pois o determinismo radical defende que qualquer ação que
realizamos já estava pré-destinada e não existe, de algum modo, a possibilidade
de evitar essa ação. Sendo assim, todos os valores morais perderiam o seu
significado e a sua existência passaria a ser completamente inútil.
Se defendessemos o libertismo, poderíamos
afirmar que todas as ações realizadas pelo Homem são realizadas de livre
vontade e que são condenáveis, mas um dos maiores problemas que podemos
encontrar face ao libertismo é a questão de pessoas que sofrem de compulsões
psicológicas, por exemplo. Outro problema que também pode surgir é que o ser humano,
mesmo tendo livre-arbítrio e podendo
escolher fazer o que quiser, não o pode fazer, pois está sujeito a regras e leis que
não lhe permitem sempre fazer o que quiser de livre vontade.
Por último, importa salientar o
compatibilismo, que se pode dizer que é um meio termo entre o determinismo e o
libertismo.
O conceito do compatibilismo refere que o
ser humano pode ter comportamentos que podem ser costrangidos e outros não
constrangidos.
Os comportamentos constrangidos, podem
derivar de doenças como compulsões ou simplesmente quando alguém é coagido, ou
seja, é obrigado a tomar algum tipo de comportamento devido ao facto de não ter
mais escolhas.
Os comportamentos não constrangidos, são
comportamentos que derivam dos nossos próprios desejos, são comportamentos que
podemos realizar sem que nada nem ninguém nos obrigue.
Enquanto os
deterministas acreditam que todos os atos são destinados e os libertistas
acreditam que todos os atos são realizados de livre vontade, os compatibilistas
acreditam que o ser humano só tem controlo sobre alguns dos seus comportamentos,
o que, ao contrário de um ato livre, não é determinado, mas sim um ato forçado.
Apesar do compatibilismo ser a teoria que une os melhores
pontos do determinismo radical e do libertismo, não deixa de ter um grande
problema devido ao facto de se dizer que a teoria em si afirma que o ser humano
é livre, se as suas ações decorrem do seu carácter e dos seus desejos não
manipulados mas, em última análise, o problema é que os nossos desejos e o
nosso carácter são
causados por forças que não controlamos.
Gustavo Moutinho, 10ºF
Sem comentários:
Enviar um comentário