segunda-feira, 22 de abril de 2019

A Liberdade


(1)


Temos a sensação de que somos livres, que podemos escolher entre o caminho da esquerda e o caminho da direita. Mas porque escolhemos um certo caminho? Será que o que chamamos de “escolha” não é simplesmente o que nós pensamos que fazemos constantemente mas, na realidade, é o que algo ou alguém pré-determinou para nós fazermos? Não será a nossa vida um teatro de marionetas onde as pessoas são as personagens? Num teatro, nós “damos vida” às personagens, sendo que estas parecem que fazem escolhas e que reagem às ações das outras. No entanto, fomos nós que imaginámos a história e que pusemos os pequenos bonequinhos de madeira a representá-la. Não seremos nós os bonequinhos de madeira de um gigante teatro de marionetas? Já pensámos muito sobre este assunto e nunca conseguimos prová-lo ou refutá-lo. Mas é certo que se pensamos não constituímos apenas marionetas. Somos um conjunto de células como todos os outros seres vivos. Mas o que nos distingue deles? Por que nos autodenominamos de “animais” e, dentro deles, de “racionais”? Percebemos que o conjunto das nossas células tem uma organização única e que o nosso cérebro evoluiu ao ponto de desenvolvermos o conceito de liberdade. E com isto não quero dizer que somos livres. Apenas inventamos um conceito, uma palavra para designarmos uma ideia, neste caso, muito abstrata e controversa.
Liberdade é a condição humana de que podemos optar entre várias possibilidades. E se considerarmos que temos liberdade, por que razão escolhemos fazer uma certa ação? Por que alguém decide fazer voluntariado ou doar todo o seu dinheiro para ajudar pessoas (ou animais) que nunca viu? E por que outras decidem explorar crianças ou matar indiscriminadamente pessoas que também não conhece? Será que já nascemos pessoas boas ou más, ou as nossas ações são influenciadas por condicionantes externas? Será que quem cresce entre o crime ou num ambiente de guerra irá aceitar isso com mais facilidade? Dizem que sim… Mas estas pessoas terão também mais consciência das consequências dessas ações e quão dolorosas podem ser. Serão as nossas escolhas que definem quem somos e quem seremos, ou será que umas pessoas têm sorte e outras não, independentemente das decisões que tomam? Ganhar a lotaria pode ser sorte, visto que entre milhões de pessoas que decidem jogar apenas uma recebe o dinheiro, não dependendo em nada das suas ações (salvo possíveis ilegalidades). Mas se decidir gastar o dinheiro num cruzeiro e em seguida, perder o emprego e tornar-se um sem-abrigo já não é sorte, nem azar. Se tivesse guardado o dinheiro, poderia ter aberto um negócio e ser muito bem-sucedido. Será que estava já destinado sermos pessoas de sucesso, sermos sem-abrigo ou acabarmos por morrer na prisão? Se pensarmos a uma pequena escala, todos somos obrigados a aceitar a ideia de que as nossas ações trazem consequências, que geralmente conseguimos prever e que podem ser a finalidade delas ou os chamados “efeitos secundários”. Diferenciamos também as ações que provocam mudanças positivas na realidade e as que provocam mudanças negativas. E então por que razão uns escolhem o caminho “socialmente correto” e outros não? Ao sermos livres, somos necessariamente conscientes das consequências das nossas ações. E por que não optamos sempre por aquelas que trazem as melhores consequências? Será que ao deliberarmos consideramos a mudança que cada uma das opções provocará na realidade ou o nosso cérebro segue apenas por estímulos externos que nos obrigam a realizar certas ações? E porque não ambas? Podemos considerar que as nossas ações são influenciadas por agentes externos mas que perante as alternativas somos capazes de escolher. Um simples exemplo: uma adolescente vai sair com as amigas e opta por usar uma minissaia pois é o que as raparigas da sua idade usam, mesmo sabendo que não se vai sentir à vontade e que os pais não vão gostar da ideia. Ela foi livre para escolher o que queria usar, mas foi influenciada por fatores culturais. Porém, os pais podem proibi-la de sair assim de casa mas ela, pelo menos, já mostrou que não concorda com eles. Todos somos livres, mas a nossa liberdade é condicionada, ou seja, é nos exigido seguir um conjunto de regras para que seja possível viver numa comunidade na qual tenhamos os mesmos direitos. Mesmo ao sermos forçados a segui-las, podemos desrespeitá-las, podemos protestar, podemos revoltar-nos. Isso traz prejuízos, mas se não trouxesse imaginem como seria a nossa sociedade! É impossível proibir totalmente alguém de fazer algo que provoque um impacto negativo no resto da população, mas, no entanto, as regras servem para desencorajar essas ações através do medo de uma eminente punição. 
Assim, temos sempre dois caminhos, por mais extremos que possam parecer, e somos livres para escolher o que fazer. E é conforme as nossas ações (e, porventura, um pouco de sorte) que se traça a nossa vida.
  
Inês Bandeira, 10ºB


(     (1)     Fonte: http:// http://www.umcaminho.com

Sem comentários:

Enviar um comentário