sexta-feira, 12 de abril de 2019

Eu e o mundo



                                                                                        (1)


Eu. Quem sou eu? O que sou "eu"? Duas letras que refletem características únicas, especiais, só minhas. Eu sou muito mais, muito mais que uma nota, muito mais que o meu corpo, eu sou muito mais do que o que pensam de mim. Eu sou. Sou um reflexo daquilo que penso ou faço. Mas sou muito mais, não existe ninguém como eu, não existe ninguém exatamente igual a mim, por mais que sejamos muito parecidos, a realidade é que o meu "eu" é tão especial como o teu.
Eu não preciso ser como o "mundo". A sociedade pressiona-nos constantemente para sermos assim ou assado, está constantemente a empurrar-nos para coisas que, muitas vezes, contrastam com os nossos valores, ou seja, o nosso orientador da ação.
Eu estou farta, cansada. Cansei de tentar ser perfeita, porque eu não sou e não tenho que ser! Cansei de ficar uma hora em frente ao espelho comparando-me com outros milhares de pessoas que, na minha cabeça, são superiores a mim. Estou cansada de ver meninas com depressão, porque não se encaixam num padrão, estou cansada de ver homens a chorar por não conseguirem ter o padrão necessário para conquistar uma menina. Estou farta do mundo que nos rodeia, completamente egoísta, cheio de si, repleto de desigualdades.
Estou cheia de pessoas tão cheias de si e tão vazias do coração, enquanto milhares estão a morrer de fome, outros milhares vivem numa tremenda regalia, sem pensar que poderiam estar a ajudar a mudar o mundo.
A nossa sociedade precisa de pessoas que andem contra a maré, pessoas que se importem, pessoas que amem mais, que se dediquem mais, pessoas vazias de egoísmo e cheias de amor pelas outras. Se continuarmos a viver desta forma em pouco tempo nao haverá “ eu e o mundo”, porque não restará nem um "eu "para contar história. As pessoas falam em uma necessidade gigante de mudança, mas não têm coragem de tomar a atitude de mudar. Vivemos em um mundo onde grande parte da população vive em pobreza extrema, onde pais doam a vida para pagar uma boa educação para os filhos, mas, felizmente, essa não é a nossa realidade e como não entendemos o que é estar no lugar destas pessoas simplesmente não fazemos nada. Não podemos intervir, dizem eles. Será correto deixar milhares de pessoas a morrer? Será possivel um dia encontrarmos um equilíbrio? Não estou a falar de uma sociedade onde todos temos exatamente o mesmo, mas uma sociedade mais justa, onde pessoas com menos possam ter as mesmas possibilidades de estudo ou vida que os melhores financeiramente.
Eu sou apenas uma, uma pessoa no mundo, eu só tenho 15 anos... provavelmente minha voz não tem qualquer efeito nessa multidão, mas, quem sabe, um dia terá.  Eu serei uma pessoa diferente, eu ajudarei as pessoas que eu puder, eu chorarei com os que choram e me alegrarei com os que se alegram. Essa é a liberdade que ninguém pode me retirar, a de fazer aquilo que quero, a de mudar o mundo dos que estão à minha volta. A liberdade é um tema atualmente muito debatido. Podemos perguntar-nos: Será que somos mesmo livres? Mas afinal, se não fossemos, o que seria a responsabilidade? Estaríamos todos condenados a ser como reações químicas, onde seriamos apenas produto dos reagentes. Eu penso que sim, somos livres, não sei se totalmente, mas somos livres, pensamos, escolhemos, tomamos parte de uma ação e após a realização da mesma, somos responsáveis por ela.

Todos temos dias bons e maus, mas isso é demasiado relativo, afinal, o que realmente é um dia bom e um dia mau? Para mim um dia bom é aquele em que aproveito ao máximo, que rio imenso, que abraço aqueles que amo, é um dia em que tudo parece ser bonito (o que também é relativo). Para mim um bom dia é aquele em que tenho uma boa conversa, que vejo pessoas que amo, ou talvez um abraço saudoso do meu pai, porque ai também posso encontrar um dia mal, um dia triste, é o dia da despedida e da espera constante na esperança de voltar a encontrar aqueles que mais sentes falta… talvez após um ano ou mais. A dor da partida transforma dias bons em dias maus, mas a visão de um novo reencontro transforma varios dias em dias felizes.
Eu e o mundo contrastamos, nós dois somos como polos, apesar de eu estar dentro do mundo físico, não me sinto parte da sociedade. Sou, como a maioria das  pessoas: tenho medos, tenho amores, tenho tristezas, tento não ter rancores, tenho testes que me deixam muito nervosa, tenho uma média que parece mover a minha vida ultimamente, mas também tenho muito para mostrar e que não é como o "padrão", que difere com o nosso atual "mundo". Por mais dificil que seja ser assim, para mim vale muito a pena, me ensina a valorizar coisas como a amizade, o amor, o próximo, às vezes até mais do que a mim mesma...
Eu não quero ser conhecida por ter por namorado um cara famoso, ou por ter muito dinheiro, ou por ser uma celebridade. Quero ser conhecida por fazer a diferença nas vidas das pessoas com quem convivo. Quero poder ser uma luz nos dias mais escuros, poder ouvir que eu sou diferente soa-me como um elogio num mundo de cópias formatadas pelas redes sociais.

Sophia Celidonio, 10ºB


(     (1)  Fonte: https://bodyoshean.casadelakshmi.com/estou-limpando-minha-lente-de-ver-o-mundo

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